«E se já for possível saber que um cabelo sem raiz, encontrado num cenário de crime, é do suspeito? Ou que os vestígios de solo, recolhidos nos sapatos ou nos pneus do carro dele, são iguais aos do local do crime ou aos encontrados na roupa da vítima, recorrendo a uma nova base de dados forenses com duas centenas de amostras de sedimentos (areias) e solos da zona costeira de Portugal continental e de algumas ilhas dos Açores? Uma base de dados ainda em estudo e que, dentro de alguns anos, pode vir a tornar-se um mapa de solos forenses do país.
Estas são algumas das novidades que foram apresentadas esta semana nas Jornadas de Polícia Científica da Polícia Judiciária (PJ), na sede da PJ de Lisboa. O director do Laboratório de Polícia Científica (LPC), Carlos Farinha, diz que ambas as investigações “podem sempre gerar valor acrescentado, mas que, por enquanto, são uma hipótese de trabalho” que precisa de ser validada, ou seja, testada.
“A maioria dos cabelos que chegam para análise de cenas de crime não contêm a raiz e, infelizmente, é nela que a grande maioria do ADN se encontra”, diz por sua vez ao PÚBLICO a investigadora Cátia Martins que conseguiu dar resposta a este problema. Cátia Martins procedeu à análise genética de cabelos sem raiz no âmbito do seu estágio do mestrado em Genética Forense, entre 2015 e 2016, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que fez no LPC (Laboratório de Polícia Científica).
Sendo os cabelos uma das provas mais encontradas em cenas de crime, é difícil obter um perfil genético passível de ser comparado. “Mesmo quando as amostras de cabelos ainda contêm raiz, a probabilidade de obter um perfil de ADN completo, utilizando a metodologia convencional, é de cerca de 60% a 70%.
Em vez dos kits convencionais usados, a investigadora testou dois novos kits de quantificação e amplificação da molécula de ADN – o InnoQuant HY e Innotyper 21, ambos desenvolvidos e patenteados pela empresa norte-americana InnoGenomics e à venda no mercado desde Setembro de 2016. O LPC adquiriu esses dois testes que lhe permitiram produzir resultados “bastante satisfatórios” em amostras de cabelos sem raiz provenientes de cenas de crime reais, o que até à data era bastante difícil.»
Fonte: https://www.publico.pt/2018/02/22/ciencia/noticia/ciencias-forenses-ja-e-possivel-obter-adn-de-um-cabelo-sem-raiz-1803993
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